A arte de conviver com “crentes” na igreja

Nelson Alvim Nelson Lucas Alvim

Não importa qual o ramo de atividade que exercemos, mais cedo ou mais tarde temos que conviver com pessoas com um temperamento difícil. O que fazer? Como lidar com crentes que às vezes parecem tão insuportáveis?

Os insuportáveis podem ser de dois tipos.
O primeiro deles é a pessoa é insuportável e pode até precisar de terapia porque não sabe que é assim.
No segundo, a pessoa está insuportável porque teve uma semana ruim, está se sentindo mal. "Pelo menos um dia na vida a gente é insuportável", .
"A primeira providência é perceber que você também é uma pessoa insuportável". "Pode ter certeza, em algum momento de sua vida você foi (ou é) insuportável para alguém". Então você tem que refletir sobre as suas atitudes para que o “clima” não piore.
Num segundo momento, tente entender a chatice de seu irmão, descobrindo o que o leva a agir assim. "Se você sabe que alguém dormiu mal, está com uma mãe doente e essa pessoa te dá uma patada, você acaba relevando. É claro que isso não pode acontecer sempre, mas se você está ciente de que a irritação não é com você, a sua dor de cabeça ou sua raiva evaporam”.
Finalmente, tente sinalizar que esse tipo de atitude incomoda e muito. Quando você percebe que está sendo chato e por isso as pessoas se afastam de você, não há quem não tente melhorar.
Conheça os principais tipinhos difíceis que você geralmente encontra em uma igreja e aprenda a lidar com eles.






Brucutu


Perfil


São aquele que sente prazer especial em humilhar as pessoas, principalmente os liderados. Ele grita, dá respostas grosseiras e parece que nem percebe o quanto magoa os que estão ao seu redor. Geralmente, ou você engole, ou vira brucutu também. Nenhuma das duas alternativas é interessante.


Por que ele é assim?
Um brucutu pode ter acordado com o pé esquerdo, estar de TPM, "a Tendência Para Matar". Geralmente tratam mal os subordinados porque acham que têm poder suficiente para escapar de protestos, ou são protegidos e por isso agem assim.


O que fazer?
Quando alguém estiver explodindo com você, deixe que a pessoa fale tudo o que quer. "Espere acabar a corda". Fique parado na mesma posição. Ela vai ficar mais irritada, mas continue firme. Finalmente, depois que o brucutu se calar, diga em um tom de voz calmo e baixo que você é um filho de Deus como ele o é, e por isso, merece ser respeitado e que gostaria muito que isso não acontecesse mais. Termine dizendo: “quero que Deus te abençoe muito meu irmão”. "Pode acreditar, o brucutu se desmonta na hora porque ele percebe que reagiu de forma errada".


Sabe-tudo
Perfil
Sabe aquele chato que sempre te corta no meio de uma reunião porque ele tem certeza de que sabe muito mais sobre o assunto? Também é aquele que fica o tempo todo contando vantagem, falando do tempo em que era líder, dos lideres influentes que conheceu, dos contatos que fez, da melhor igreja da cidade que só ele conhece, do ministério que dirigiu.






Por que ele é assim?
Pessoas que tentam mostrar o tempo todo o como são melhores têm um profundo complexo de inferioridade, são muito inseguras.

O que fazer?
Vire o melhor ouvinte do mundo. Não tente dizer que o seu conhecimento é o melhor ou que você não acha a liderança dele tão fantástica assim. Ouça calado, saia calado, ele vai ficar achando que te convenceu plenamente. Quanto mais você der corda, mais ele vai querer se exibir.

Kid Tocaia


Perfil
O mais nocivo de todos. É aquele irmão que faz de tudo para que você fique mal diante dos olhos do seu pastor e da sua igreja e que comemora secretamente cada falha que ele vê em você. Fofoqueiro, costuma dar umas alfinetadas em você no meio de uma rodinha e depois solta um "eu tava brincando, amiga!".


Por que ele é assim?
O Kid Tocaia quer alguma coisa que você tem. Pode ser seu cargo, sua reputação, seus dons e talentos. São patologicamente invejosos.


O que fazer?
É preciso estar atento para que as mentiras espalhadas pelo Kid Tocaia não acabem com a sua imagem na igreja. "O mais complicado é segurar a vontade de pegar uma corda e expulsá-los de dentro do templo”. Se você estiver explodindo, cante, grite para aliviar a tensão. Não adianta ficar remoendo o ódio, afinal de contas você não é culpado pela inveja do Kid. Dedique-se ao seu lazer, a adorar a Deus e ore muito (orar é uma grande terapia). Pegue um dia para dar um passeio sozinho. Não adianta ficar acumulando a raiva porque isso faz mal à saúde e atrapalha ainda mais o seu envolvimento na Igreja.


Frente fria

Perfil
Uma nuvem preta paira apenas sobre a cabeça dele. Tudo está ruim e a pessoa se sente tão mal com tudo e todos que contamina a igreja toda. Ele nunca esta satisfeito com nada, o som esta sempre alto ou ele não ouve nada, o pregador é rolixo ou esta cansado de “arroz com feijão”, todos os planejamento para ele é sempre infrutífero.



Por que ele é assim?
Os frente fria são pessoas muito melancólicas, que optaram por olhar sempre para o lado negativo das coisas. Sabe aquela história de ver que o copo está meio vazio?

O que fazer?
Não tente argumentar ou brincar de "Jogo do Contente". Eles vão inverter tudo que você disser e achar ainda mais "provas" de que o mundo vai acabar antes das seis da tarde. Principalmente, NUNCA mude seus planos por causa de uma opinião do frente fria.


Disque problema

Perfil
Primo do frente fria é viciado em reclamar. Reclamam da mensagem, do horário, do som, da posição das cadeiras. Se pintarem as paredes do templo, reclama que o ambiente ficou muito claro. A Igreja ta cheia, vira um calor insuportável, se fazem dois cultos, pra que isso se fica vazio os dois?


Por que ele é assim?
Para essas pessoas, reclamar é um vício. É impressionante como eles conseguem estragar a melhor das intenções.

O que fazer?
Chame a pessoa para conversar e fale francamente o que você acha das atitudes dela. Não tente atacar, a conversa tem que ser bastante amigável. Você pode até começar brincando, chamando a pessoa de reclamona. Mas diga para ela que esta na contra mão, que precisa mudar pra não perder o espaço. “Na hora o Disque Problema pode fugir da conversa, mas com certeza no dia seguinte ele vai falar com você e tentar reclamar menos”.


Fora do ar
Perfil
É aquela pessoa que nunca sabe o que esta acontecendo, o termo mais usado por ela é: “Eu não sabia”, “Não me falaram nada”. As vezes o fora do ar te faz sentir culpado e ate injusto. Quando ele chega à igreja começa questionar o que está acontecendo aqui?

Por que ele é assim?
Geralmente pessoas que são membros a muito tempo, mas praticam turismo na igreja, aparecem de vez em quando e acham que tudo deve estar como ele deixou o que ele precisava ser avisado, em casa, sobre qualquer situação nova.

O que Fazer?
Esclareça com tranqüilidade, mas sempre deixando clero que a ignorância é fruto do distanciamento dela. Dia que a igreja é um corpo vivo, cresce desenvolve, muda e se transforma, e que ela precisa estar integrada e inteirada de todas as coisas. Questione a ultima vez que veio ao culto, se participou das ultimas reuniões ou se ate mesmo prestou atenção nos avisos e se leu o informativo? Você vai fazê-lo pensar que as coisas estão acontecendo e ela esta dormindo no ultimo “vagão”, com certeza.

Papagaio

Perfil
Geralmente ele é falante, participa de todo planejamento, se envolve nas discussões. Incentiva, não vê dificuldades e nem as aceita, mas quando você precisa dele, ele dá no pé. Não avaliam as conseqüência e nem as assumem, se atividade da certo, bem, mas, se não der, também não têm nenhuma responsabilidade com os resultados negativos.
Por que ele é assim?
Geralmente são pessoas que querem se mostrar aos líderes, passar uma imagem atualizada, ou mesmo mostrar que apóia as atividades da igreja (ministério ou departamento).
O que Fazer?
Quando você perceber que elas estão se manifestando, faça perguntas diretas, questionando: Como vai acontecer? Quem vai realizar? Qual será a participação direta dela na realização do que será planejado. Pode acreditar que nessa hora ela vai entender que esta sendo convocada a participar efetivamente e pensará duas vezes, antes de emitir entusiasmadamente suas opiniões.

Espero ter contribuído de forma positiva, para o bom andamento dos departamentos e ministérios da igreja local.

(Adaptação de entrevista à Bruna Gasgon, consultora em comunicação e recursos humanos, por Nelson Lucas Alvim).