Em II Rs 2.1-11, vemos a narrativa da caminhada de Eliseu ao lado de Elias até o grande momento em que a partir de uma separação milagrosa, Eliseu tem a oportunidade de substituir Elias, como também, receber porção dobrada da ação divina na vida desse profeta.
Quando Elias recebe da parte de Deus a responsabilidade de ungir o Rei da Síria, o Rei de Israel e a Eliseu como seu substituto, não sabemos o grau de envolvimento entre Elias e Eliseu, mas provavelmente esse era discípulo ou fazia parte da Escola de Profetas, porque era conhecido dos filhos de profetas como vemos no texto acima.
Eliseu estava trabalhando, arando a terra, quando Elias se aproxima, joga o manto sobre ele, imediatamente entendendo o que estava acontecendo, Eliseu pede para voltar a casa e se despedir dos pais, Elias permite, mas diz: “Vai e volta; pois já sabes o que fiz contigo”.
A partir daquele momento Eliseu, volta aos seus, quebra o arado, mata os bois e faz uma festa de despedida, mas com esse gesto ele tem certeza que sua caminhada não teria volta e que a partir daquele momento, não teria como voltar atrás, além disso, não queria voltar atrás, mas sim, prosseguir para receber tudo de Deus, como da mesma forma viver o grande sonho de ser usado por Deus de uma forma poderosa – Isso é uma Grande benção de Deus!
Olhando para sua vocação Eliseu começa uma caminhada com Elias, em IRs 19.21 diz que Eliseu servia Elias, já conhecendo seu chamado, já entendendo sua vocação, ele começa servindo o profeta, não reivindica autoridade, não começa um trabalho de “marketing” para autopromoção, mas inicia fazendo o que todo homem de Deus precisa entender, “o que realmente move o ministério e a convicção de que fomos chamados para servir”.
Entre o serviço e o recebimento da benção, Eliseu caminhou com Elias por vários locais, mesmo recebendo um a palavra de Elias, dizendo que ele poderia ficar Eliseu não vacilava em sua convicção e insistia em seguir o Profeta, por onde fosse. A determinação de Eliseu nos ensina que o vocacionado, precisa caminhar com um profeta, com alguém que já amadureceu seu relacionamento com Deus, com alguém que já cometeu erros e acertos, com alguém que já experimentou as responsabilidades de uma vida ministerial.
Em cada lugar onde Eliseu passou com Elias, temos algo a aprender, esses lugares não se encontram registrados por obra do acaso, há uma lição, há um ensinamento, vamos caminhar com Profeta, entendo os quatros princípios para alcançar as bênçãos de Deus.


1º Princípio – GILGAL (OBEDIÊNCIA)
O texto relata que eles partiram de Gilgal, nessa região, em Josué 4.19-20, Josué acampa o povo de Israel, havia uma expectativa para conquista da terra, creio que ansiedade tomava conta do arraial, mas Josué comprometido com a conquista da Terra sabia que havia uma direção de Deus para o povo, concernente a circuncisão. Que tem o sentido de um sinal da aliança entre Deus e Abraão e seus descendentes e um rito de inserção no povo eleito. Deus terá tornado obrigatório a prática da circuncisão para Abraão, um ano antes de nascer Isaque. Todos os homens na casa de Abraão, tanto dos seus descendentes como dependentes estavam incluídos e todos os seus escravos receberam em si mesmos este "sinal do pacto" onde entregavam a Deus sua aliança de carne (anel prepucial) mostrando reciprocidade deste ato de fé em seu corpo (levítico). A desconsideração deste requisito era punível com a morte. A circuncisão torna-se um requisito obrigatório na Lei dada a Moisés. (Levítico 12:2, 3). Isto era tão importante que, se o 8º. dia caísse no dia de Sábado, teria-se de realizar a circuncisão. Ali em Gilgal, Josué faz questão de obedecer a Deus nesse detalhe, entendemos que essa atitude, mostra claramente um princípio divino, a obediência é o primeiro passo dessa caminhada, precisamos voltar a obediência, precisamos retornar de onde paramos na nossa relação com Deus, precisamos retornar do ponto onde nos afastamos da direção de Deus para nossa vida. O povo ficou em Gilgal para celebrar a primeira Páscoa na nova terra (Josué 5.10), e mais tarde vieram juntos a esse lugar para dividir a terra que Deus lhes havia dado (Josué 14.6). Gilgal, como Betel, representava a presença de Deus entre os Israelitas. Gilgal é o lugar da obediência, é o lugar onde se da início a formação de um profeta.


2º Princípio – A VISÃO DA ESCADA EM BETEL (COMUNHÃO)
Elias disse para Eliseu, “Fica-te aqui, porque o Senhor me envia a Betel” que em hebraico (בית אל) (Bêṯ-ʼĒl) pode ser escrito também Beth El ou Beth-El, significa literalmente "Casa de Deus". Foi neste local que Abraão armou sua tenda e edificou o seu primeiro altar (Génesis 12.8 e 13.3). O nome Betel foi lhe dado por Jacó. Foi neste lugar que Jacó teve a visão de uma escada que atingia o céu, por onde anjos subiam e desciam. Visão está que nos revela essa iniciativa de Deus de estabelecer uma ligação, ou seja, voltar à comunhão com o homem, quando esse vê uma escada ligando o céu a terra, anjos descendo e subindo e então declara convicto aqui é Betel, a casa de Deus. Entendemos então, que a Casa de Deus, é o lugar da comunhão, onde essa se expressa de uma maneira clara e verdadeira, é o lugar onde ela se revela horizontalmente quando reunidos no mesmo propósito de adoração, se estabeleceu uma escada, uma ligação, porque homens em comunhão adoram ao Senhor e em Cristo, uma ligação se estabelece por onde os homens podem experimentar a Glória de Deus e ao mesmo tempo suas orações, necessidades e culto chegam à presença de Deus e neste momento se estabelece a comunhão plena, homens e homens; homens e Deus. Precisamos estar em comunhão plena, demonstrado nosso afeto em relação ao próximo da mesma forma que o queremos em relação a Deus. Comunhão é o segundo princípio para alcançar as bênçãos de Deus. Comunhão uma ferramenta que forja verdadeiros profetas!


3º Princípio – JERICÓ (DERRUBAR MURALHAS)
Elias disse para Eliseu, “Fica-te aqui, porque o Senhor me envia a Jericó”. Durante a peregrinação de Israel pelo deserto, a fama e os rumores da chegada do povo já tinham alcançado a região de Canaã, Jericó foi uma cidade que se fortaleceu, preparando-se para defesa de qualquer ataque futuro, construíram uma muralha incrível, depositando nessa fortaleza sua segurança. O Dr. Garstang (diretor da Escola Britânica de Arqueologia de Jerusalém, e do Departamento de Antigüidades do governo da Palestina -1929-36) descobriu que o muro realmente "foi abaixo", caiu, e que era duplo; os dois muros ficavam separados um do outro por uma distância de 5mt; o muro externo tinha 2mt de espessura; o interno, 4mt; ambos de uns 10mt de altura. Eram construídos não muito solidamente, sobre alicerces defeituosos e desnivelados, com tijolos de 10cm de espessura, por 30 a 60cm de comprimento, assentados em argamassa de lama. Os dois muros se ligavam entre si por meio de casas construídas através da parte superior, como a casa de Raabe "sobre o muro". Verificou também que o muro externo ruiu para fora, pela encosta da colina, arrastando consigo o muro interno e as casas. Enquanto você peregrina, “muralhas” são construídas, fortalezas são erguidas e enquanto o tempo passa dificuldades maiores surgem no nosso caminho, verdadeiras “muralhas” são erguidas na nossa frente. Assim como Josué não podemos parar diante desses desafios, precisamos enfrentar essas “muralhas” e joga-las por terra. Vícios, amarguras, decepções, frieza, incredulidade, ativismo e o secularismo, quantas fortalezas na nossa frente, tentando nos impedir, levando-nos a estabilizar nossa caminhada, mas você pode parar diante desses desafios e admirar o tamanho das suas dificuldades, ou você se levanta e marche sete dias, sete vezes, até que possa pôr abaixo cada muro de retenção da benção. Derrubar muralhas faz parte da conquista e facilita a posse da benção, como também, adestra o homem de Deus para entrar nas promessas do Senhor.
Interessante notar que em cada ponto da Caminhada de Josué, surgem os filhos dos profetas, incomodados com sua persistência, inconformados com sua ousadia, questionam sua atitude de estar ao lado do profeta em um momento tão importante, mas Eliseu responde com firmeza e determinação “eu sei, calai-vos”, essa resposta vem de alguém que sabe a importância de aproveitar e experiência de um homem de Deus, revela que ao lado, caminhando, aprendendo, participando, interagindo, auxiliando um profeta é que se encontra o verdadeiro atalho para um ministério de sucesso. Cuidado com os “filhos de profetas”, que estarão dizendo pra você, desista, não continue, se a sua postura for a de olhar para Deus e sua promessa, sua reposta será como a de Eliseu, eu sei o que quero, sei o que procuro e sei onde quero chegar.


4º Principio – O JORDÃO ( EXERCÍCIO DA FÉ)
E Elias disse: Fica-te aqui, porque o SENHOR me enviou ao Jordão. No início da caminhada do povo de Israel saindo do Egito, pararam diante do mar vermelho, quando perceberam que o exército de Faraó estava no encalço para obrigá-los a voltar, cercados entre montanhas, na frente o mar, e o terror do passado chegando por trás o desespero tomou conta do povo, mas Moisés toca as águas com o seu cajado e imediatamente as águas se abrem, a ponto de poder ver o fundo, permitindo, com segurança, a passagem para a liberdade rumo à conquista da terra. Quando eles chegam ao Jordão, conheciam a força de seu Deus, tiveram experiências tremendas, transformação de água amarga em doce, maná do céu, água jorrando da rocha, direção com uma nuvem ao dia e coluna de fogo a noite, agora diante do Jordão, vem uma orientação divina, os sacerdotes à frente, o povo em fila atrás, e só depois que estes entrarem nas águas essas foram bloqueadas, em um exercício de confiança e fé, podendo assim o povo enxergar o cumprimento da promessa, atravessando o Jordão e conquistando a terra. Jordão é o exercício da fé, não podemos exercer plenamente a vontade de Deus, nem tão pouco receber plenamente as bênçãos prometidas se a nossa fé, for simplesmente teórica. Eu preciso exercitar a fé, tomando posse, enxergando além dos olhos, demonstrando confiança plena no Senhor.
Quem sabe você já partiu de Gilgal, buscando a obediência; entendendo o propósito da comunhão com Deus e com os irmãos, derrubando muralhas que a vida e o inimigo foram levantando na sua frente, e você está diante da benção, da promessa e do chamado de Deus pra sua vida, então chegou o momento do exercício da fé, tome posse, mude sua postura diante daquilo que você ainda não viu, mas crê que já te pertence. Lembrando o Apóstolo Paulo, “Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus. Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus (Fp. 3.12-14)”.


Obs. Mensagem pregada pelo Pr. Nelson, no primeiro convite para pregar fora de sua igreja em julho de 1981 na comunidade União Cristã do Amor – BH - MG

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Quando Deus quer não tem Jeito!

Nelson Alvim Nelson Lucas Alvim 0 comentários


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